Retrato 20/11/10
Daqui do alto és tão pequeno,
Tu com teus humores:
Vítreo, aquoso e ácido.
Tuas moedas jogadas ao chão
São apenas pontos brilhantes contra o pó.
São teus únicos pontos brilhantes,
Já que nem teus humores se iluminam,
Frente a isso que chamas de vida.
Ser-humano de lamúrias e versículos,
Nem a fumaça de teus cigarros te sustenta.
Nem a chuva, que ao campo molha, te alicia,
Pois não conheces a umidade,
Além de fluidos corpóreos.
Logo tu que viveste como poucos,
Acabaste como muitos.
Tu que foste tão intenso,
Hoje se confunde com teu quarto vazio e cirúrgico.
Daqui do alto és tão resumido,
É-me preciso mais que meus três humores
Para que eu possa (descre)ver-te.Tons de cinza 21/11/10
Através da minha janela
o mundo caminha
revestido de luzes que piscam,
celebrando o nascimento, a vida.
Eu aqui
definhando aos pouquinhos
em cada gota de chuva que pinga,
esperando que as gotas venham
de outro lugar que não o céu.
Eu aqui
cozinhando lentamente
nesse mormaço,
nesse fumaça quente
de trago em trago.
Minhas mãos fedendo a cinzas,
desperdiçando-me de dose em dose nesse marasmo,
nesse silêncio, nesse vácuo.
Eu que mesmo sendo muitos
me perdi em mim mesmo
e tornei-me vazio.
Através da minha janela
o mundo caminha
revestido de luzes que piscam,
celebrando o nascimento, a vida.
Eu aqui
definhando aos pouquinhos
em cada gota de chuva que pinga,
esperando que as gotas venham
de outro lugar que não o céu.
Eu aqui
cozinhando lentamente
nesse mormaço,
nesse fumaça quente
de trago em trago.
Minhas mãos fedendo a cinzas,
desperdiçando-me de dose em dose nesse marasmo,
nesse silêncio, nesse vácuo.
Eu que mesmo sendo muitos
me perdi em mim mesmo
e tornei-me vazio.
Mike Rodrigues
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