sábado, 14 de abril de 2012

Púrpura


O desespero de perceber meu bem
Que sou sem pérola uma ostra
Sou a casca oca
Molusco morto
Somente a gosma
A epifania meu amor
De me encontrar sem alma
De ser nada além da concha
E de estar nela encarcerada
É ver-me em mar aberto
Meus destroços à deriva
E o filete púrpura que jorra.

Mike Rodrigues

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Tempo


A noite se difundiu por minha pele,
Penetrou a fundo além de minha capa.
A madrugada me congelou no espaço,
Transformou-me em estátua,
Cobriu-me o rosto com máscara.
À minha volta,
As pessoas continuam rotineiramente
Sendo vazias,
Sendo, apenas.
À minha volta o mundo gira;
Esse movimento todo me dando ânsia,
A cada instante, a cada era que passa.
Sou só mais uma ironia,
“Porque o tempo,
O tempo não pára”,
O tempo não para.


Mike Rodrigues