segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A língua 19/05/10

Vou ao espelho como quem procura por uma resposta,
Vejo refletida uma fase amorfa,
Sem olhos ou boca,
Somente rugas.

Desenho-lhe, então, olhos grandes,
Amedrontadores,
Como luas cheias.

Em seguida, faço-lhe a boca,
Miúda,
Incógnita e muda.

Os olhos se abrem e vêem a boca,
Em instantes diminuem,
Amedrontados.

A boca se abre, se lambe
E, largamente satisfeita,
Acaba-se num sorriso.

Matilda de Azevedo
(Mike Rodrigues)

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