Aquele medo velado
Que me domina as falanges,
Que vem em forma de insegurança,
Decidi dobrá-lo e enterrá-lo
No mais abissal do meu inconsciente,
Perto dos casos de infância,
Dos antigos amigos,
Dos fatos que esqueci por escolha,
Das minhas negações,
Da saudade do que ainda não tive,
Da saudade do que tenho,
Da saudade do que ainda terei (?),
Da saudade de ti,
A que não admito, mas que me controla vitalmente.
Perto dos poemas que nunca nasceram
Ou dos que nasceram, porém não vingaram
Ou dos que vingaram, porém não foram guardados.
Todos eles serão vingados.
Estou me permitindo,
Sendo um pouco indulgente.
Tantos são os que falam em liberdade poética,
Tantos são os que falam,
Poucos os que escutam.
Eu que tenho tanto criado,
Meu Deus o que mais eu poderia pedir?
Mas sim, eu peço! E não só pouco,
Não me contento, peço agora
E pro futuro,
Peço você.
Não peça nem pedaço
Nem devagar nem em doses,
Quero intensamente e por inteiro.
Mais até do que eu me permito,
Mais do que deveria pedir,
Mais até do que poderia me ser dado.
Apenas hoje, eu prometo (de momento),
Deixe-me ser prolixo
E preencher essa lacuna com minhas letras.
Dê-me essa poesia arrastada,
Longa, mas ensandecidamente verdadeira.
Deixe-me aproveitar-te por completo,
Mais do que por pensamentos e lembranças,
Mais do que por píxeis ou mensagens.
Deixe-me abusar e acordar arrependido,
Aproveitar que aquele medo
Ficou perdido distante desse momento,
Enterrado no começo da minha escrita.
(20/11/10)
Mike Rodrigues