domingo, 27 de outubro de 2013

A esfera

O olho vaga, lunático, vazio
E me engloba.
Constrange-me, me flagra
E me assola.

A esfera fria pisca
Se lambe com pestanas grossas,
Metálicas, mais que metálicas,
De chumbo
E se corta.

O olho sangra e pinga,
Goteja e chora.
Inunda-me com seu mar
Espesso, me toca, me afoga.

A bola gira rápida confunde-me e pisco.
Em volta ela desmaterializa-se
E fico vazia, lunática, fria, metálica,
Mas sinto, percebo
Que algo me olha.

(01/05/2010)

Matilda de Azevedo

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