segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Anteros


O frio da noite fustiga-me a face
(protejo-me apenas com a brasa de meu cigarro)
É essa lufada o bater de tuas asas
Anteros, meu anjo de ébano.
É a Lua graúda teu espelho de prata,
Teu olho a desvendar-me os segredos.
O frio da madrugada congela as horas em que me encontro,
Me perco.
É esse teu truque para aprisionar-me a alma,
Levar-me a lucidez escuridão adentro,
Silencioso como pássaro noturno à espreita.
O frio prossegue confundindo-se com o negrume,
E eu a chorar por fora,
E eu a nevar por dentro.

(02/09/11)

Mike Rodrigues

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