quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Lunático


Sou lunar;
Às vezes minguante,
Vou desfalecendo,
Me dissolvendo pela noite,
Mergulhando em mim mesmo
Absorto em segredos,
Ideias e pensamentos.
Então resurjo novo
Em mistérios envolto
E assim recomeço o clico
Como sempre tudo de novo.
Sou lunar;
Vivo cheio de emoções
Esplendido é meu ser
Sou turbilhão e explosão
Sou belo sem nem mesmo o ser.

(2011)

Mike Rodrigues

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Anteros


O frio da noite fustiga-me a face
(protejo-me apenas com a brasa de meu cigarro)
É essa lufada o bater de tuas asas
Anteros, meu anjo de ébano.
É a Lua graúda teu espelho de prata,
Teu olho a desvendar-me os segredos.
O frio da madrugada congela as horas em que me encontro,
Me perco.
É esse teu truque para aprisionar-me a alma,
Levar-me a lucidez escuridão adentro,
Silencioso como pássaro noturno à espreita.
O frio prossegue confundindo-se com o negrume,
E eu a chorar por fora,
E eu a nevar por dentro.

(02/09/11)

Mike Rodrigues

sábado, 4 de agosto de 2012

Uva-passa


O tempo passa e me devora,
Me amassa.
Fico áspera como tuas palavras,
Amarga como tua face.
O correr dos dias asfixia meus pulmões.
Acendo um cigarro para matar o tempo,
Passar a vida.
Assisto indiferente, alheia, à vida que levo,
Relevo.
Infértil e inculta me torno.
O que me resta infelizmente,
É arrumar um gato
E me transformar na louca.

Matilda de Azevedo