terça-feira, 22 de abril de 2014

Azul incolor

Sinto a comida ora insípida
(Ou nem mesmo sinto fome)
Ora com gosto de cinzas
Cinza-chumbo
Como minhas pernas
E ora nem mesmo as sinto
Ou talvez nunca tive minhas próprias
A flutuar no éter
E ora sob a gravidade de mil planetas
Ou pior, sobre o peso de minha própria existência.

Há dias nos quais nem me banho
E outros nos quais abrasono,
Até a pele em brasa,
Essa sujeira que a água não tira da pele
Pior que pele de asno, pois vazia por dentro
Ironicamente menor que sete palmos
Para que eu pudesse esperar toda a vida
(E por toda a eternidade)
Em pé
Por algo que, quiçá, nem mesmo existe.

Mike Rodrigues

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