sexta-feira, 16 de novembro de 2012

A cidade


À noite as vias de ida são como veias
Em hemorragia
As pessoas fogem de algo invisível
As pessoas são quase invisíveis
No tráfego dessa cidade eu me sinto
Como numa artéria entupida
Como se eu fosse o veneno
Como se não houvesse saída
Às vezes a frieza urbana se confunde
Com algum ar vindo de humanos
Às vezes esse concreto armado
Me parece uma mentira programada
Um cenário
As almas flutuam lentamente
Em direção ao nada
Tênue é a linha entre a vida e a morte
Negra, estéril e gélida
É a madrugada

Mike Rodrigues

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