quarta-feira, 29 de junho de 2011

Primavera

Primavera fez-me visita
Numa madrugada insone d’inverno
E sua visagem de mistério
Fez brotar um sorriso de minha esterilidade.

As horas mudas no seio da noite,
Guardadas há séculos pelo olho satélite,
Transformaram todas minhas metáforas
Em grandes devaneios, loucuras.

Primavera adentrou minha janela
E com ela o frio de su’alma,
Beijou-me de leve por dentro
E fez pulsar em mim algo sôfrego.

A violenta saudade do que não conheço
Afoga-me em meus versos rasos,
A lucidez se apaga feito luz fraca
Tal qual vela por um vento gélido soprada.

Primavera desfez os nós de minhas tranças,
Despiu-me e me deitou em meu leito,
Com suas asas negras cobriu-me maternalmente
E fui o ovo do pássaro, por aquela noite ao menos.

(25/06/11)

Mike Rodrigues

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